Enquanto o caixão era empurrado para dentro do mausoléu ele produzia um som, era mórbido, estridente. Eu ouvia o som e olhava os semblantes dos ali presentes. Não haviam lágrimas. não haviam expressões triste. Apenas espectadores do show da vida fascinados ( ou nem tanto) com o desfecho de mais um espetáculo.
Pensei em como era triste aquela cena. Não pelos choro ou sofrimento, e sim pela falta deles. Alguém estava sendo enterrado ali, e as pessoas não agiam como quem vê uma historia sendo enterrada, não vêem um pai que não dará mais conselhos, um amigo. Elas não vêem nada.
Eu vi uma velhinha encostada no tumulo. Ela chorava. Era a única que chorava. Via ali um marido sendo enterrado, uma vida, confiança, companheirismo...Amor. Tudo isso sendo enterrado.
Eu vi também meu pai precisando tomar decisões ( era o pai dele sendo enterrado) mas ele não é bom com essas situações, talvez porque nunca enterrou um pai, ou por não ser bom com isso mesmo. Ele precisava de ajuda, alguém em quem pudesse confiar, que tomaria a decisão certa. Precisava de uma companheira. Ele olhou por todos os lados até achar minha mãe. Estavam vários amigos do seu lado, até os seus irmãos. Mas ele procurou a minha mãe, sua companheira.
Diante daquela morte, eu pensava na vida, aquele que partia e aquele que ficava tinham algo em comum, independente do que as outras pessoas pensassem sobre eles, mesmo que fossem vistos ou lembrados como pessoas ruins, eram o que aquelas mulheres tinham de mais importante. Mesmo que para os presentes, o homem sendo enterrado não significasse nada, para ela, a velhinha que chorava ao lado do tumulo, ele era tudo.
E eu entendi porque a minha solidão. Percebi que me faltava esse algo importante. Desejei poder abraçar alguém naquela hora, alguém que me faria sentir completo.
Um comentário:
Puxa Fábio!
Mt triste...Deve ser ruim se sentir assim..Sem saber como agir ou sem querer agir...nao sei..
Historia mt envolvente!
E é ruim tbm qd nao se tem o que dizer ne? como vc disse no outro post..
=*
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