domingo, 20 de julho de 2008

O que somos, o que parecemos ser.

Era uma vez um escrito. Não que ele fosse realmente escritor, mas gostava de ser chamado assim. Nunca havia publicado nada, era um desconhecido. Mas desejava ser famoso pelos seus escritos. Ele gostaria que as pessoas procurassem a sua opinião. Mas ele não era bom, ou pelo menos era isso o que achava.
Certa vez esse homem viajou o mundo atrás de um grande mestre, autor de vários best-sellers. O "Falso-Escritor" queria aprender com o "Mestre Escritor" toda a arte da escrita.
Quando lhe foi perguntado o que era necessário pra ser um bom escritor, o Mestre respondeu: O necessário é apenas escrever sobre aquilo que você realmente conhece, as suas linhas devem conter toda a sinceridade do mundo. Escreva sobre o que lhe é mais intimo.
O falso-escritor ficou insatisfeito com a resposta, mas foram as únicas palavras do Mestre. Então, mais vazio do que antes, e sentindo-se fracassado, ele volta para casa. E lamentou mais uma derrota. Deitado na mesma cama que deitava todas as vezes que se sentia assim, relembrou quantas vezes seus desejos foram frustrados, e como a vida tem lhe sido injusta. E então o insight. Era isso. Era o que o Mestre lhe ensinou. Escrever sobre o que lhe era mais intimo. E por toda aquela noite e nas noites que seguiram ele escreveu. E realmente, o Mestre tinha razão, ele escrevia como nunca, as palavras surgiam em sua mente com tanta fluidez, atropelava-se na velocidade de seus pensamentos. E finalmente ele tinha o seu primeiro livro. Enviou então a varias editoras e ficou no aguardo da resposta.
Depois de dias sem resposta ele liga para uma das editoras. A resposta é um doloroso não, e ele obteve a mesma resposta de todas as outras editoras, todas lhes diziam que não havia o interesse de publicar tamanha tristeza e angustia, ninguém iria querer ler os seus fracassos. Eles tinham razão.
Furioso, ele voltou até o Mestre. De forma grosseira começou a insulta-lo e critica-lo.
O mestre de forma bem calma lhe disse: Você me perguntou como ser um bom escritor, eu lhe ensinei. Você escreveu sobre o que sabia, disse algo de verdadeiro, conseguiu se expressar, compreender um assunto, isso é ser um bom escritor. Mas você nunca me perguntou como ganhar dinheiro escrevendo. Essa é uma outra lição. Se você quer mesmo ganhar dinheiro com as palavras, escreva o que as pessoas querem ouvir, fale para elas como vencer -mesmo se você não souber como elas podem fazer isso- elas só querem imaginar que podem.. Conte-lhes os amores que elas gostariam de viver, e isso lhe fará um escritor muito bem pago, mas vazio de seu próprio ser. Alguém que não escreve do coração.
Assim também é a nossa vida. Podemos viver sinceramente, aceitando nossos defeitos e limites, não sendo a todo tempo a pessoa mais agradável do mundo, mas tendo o beneficio de se viver bem consigo mesmo. Ou podemos ser vazios de nós mesmos, aceitando fingir ser outra pessoa, ter outros costumes, apenas para agradar aqueles que queremos próximos.
O quê você vai ser?

2 comentários:

Fabrizia Souza disse...

oie. gostei muito.Realmente mostra tudo do que tratamos anteriormente em nossa conversa.
abraços

Marisa Queiroz disse...

História massa!
A maioria das pessoas prefere ler histórias fantasiosas com finais brilhantes do que conhecer a realidade..[quando esta é dolorosa]
É uma pena porque quando a gente busca conhecer a vida como ela é fica mais fácil de resolvê-la não é?
Massa seria poder se interessar pelas duas coisas ao mesmo tempo..